Revalorizar a política
Ao falar sobre o tema, o arcebispo comenta: “Acredito que seja um tema muito apropriado. Revalorizar a política e não desprezá-la – principalmente nesta época de soberanismos locais nos quais a falta de perspectivas a longo prazo faz-nos todos míopes – e principalmente porque nos sugere que precisamos de uma política clarividente, de longo prazo, que é a premissa para a paz, porque só assim podemos fazer projetos para o futuro. Agradeço ao Senhor que nos deu através do Papa esta oportunidade: entender que a paz nasce de relações serenas, clarividentes e inteligentes, tendo como base fundamental – como evidenciou Papa João XXIII na Pacem in Terris – a verdade, pilar de toda a experiência de construção da paz”.
A Populorum Progressio
Comentando a riqueza dos documentos do Magistério, também dos Papas precedentes sobre este assunto, Dom Bregantini recorda a “grande atualidade da Populorum Progressio, a poucos dias da canonização de Paulo VI, quando o Papa pedia para que as nações progredissem em duas frentes: “no desenvolvimento integral de todas as pessoas e no desenvolvimento solidário”. O bispo afirma que por esta proposta não ter sido acolhida, criou-se a dramática situação que vemos na África. “Hoje a África é uma realidade de pobreza – com a partida de inúmeros migrantes na busca de uma vida melhor – com a triste realidade de ser uma terra dominada pelo interesses de poucos”. Agora, diz o bispo, “acredito que a solução seja esta: retomar a Populorum Progressio, e começar a entender que as nações que fazem guerra ali, encontrarão guerra em casa”.
“ Dom Bregantini esclarece: Se fizermos os interesses da Síria, por exemplo, faremos também o nosso. Este é o ponto central. Matar a Síria quer dizer matar a Europa, os Estados Unidos e o mesmo vale para a África ”
“O tema da política como dinâmica de paz é verdadeiramente olhar para o futuro. É preciso mudar radicalmente a visão, e levar a dinâmica ao ‘ajudar os outros ajuda-se a si mesmo’: não é expulsando os imigrantes das fronteiras que resolvemos o problema. Não resolvemos nada porque é a dinâmica que deve ser mudada. Resolver sozinhos os problemas é mesquinhez, resolver juntos é política. Essa é a grande definição que colhemos da mensagem do Papa para este Dia.