Arquivos Formação Permanente - Página 4 de 5 - Matriz Sant'Ana - Campanha Construindo um Sonho

Formação Permanente

Cantos litúrgicos: Como devem ser?

Eles não são um enfeite nem um elemento recreativo, e sim parte importantíssima da liturgia Ao longo da Bíblia, aparece com frequência o verbo “cantar”. O convite a cantar vem da necessidade e da alegria. Com a linguagem falada, o ser humano não consegue expressar tudo o que sente e quer quando se relaciona com Deus; então, ele canta. A música litúrgica surge como um dom do Espírito, que vem ajudar nossa incapacidade. Assim, o canto alcança a altura do amor para corresponder ao amor com que Deus nos amou em Cristo. O canto litúrgico nos coloca em comunicação com Deus, favorece a unidade e a integração da assembleia, ajuda a aprofundar no acontecimento salvífico que se celebra e cria um ambiente de festa e alegria na comunidade. O canto litúrgico precisa estar ao serviço da fé e da caridade da comunidade. Ele é um sinal eficaz; não só expressa, mas também realiza os sentimentos íntimos da comunidade, que, quando ouve Deus, responde com louvor, gratidão e súplica. A música e o canto não são um enfeite, um elemento recreativo ou um recheio na liturgia, mas sim uma parte importantíssima dela. Portanto, é preciso cuidar deles com esmero e integrá-los dinâmica e adequadamente em cada celebração. O canto é bom e útil na liturgia quando ajuda a orar, a unir a comunidade e a viver o mistério. Do contrário, interrompe e obstaculiza a adequada celebração da liturgia. É preciso selecionar cantos que tenham qualidade em sua letra e em sua melodia. Hoje abundam composições feitas por pessoas sem formaçãoliterária, musical, litúrgica e espiritual, que acabam sendo um verdadeiro desastre artística e liturgicamente. No canto litúrgico, a música está a serviço do texto, que deve se inspirar na Bíblia ou na própria liturgia; por outro lado, deve servir especialmente para incentivar a contemplação e vida espiritual da comunidade. Jamais devem ser usados cantos profanos dentro das celebrações litúrgicas (nem em missas de casamento). É preciso diferenciar o canto litúrgico dos cantos utilizados nas convivências, encontros pastorais etc. Os cantos precisam corresponder aos tempos litúrgicos (advento, natal, quaresma, páscoa), às solenidades (São José, Assunção, Todos os Santos, festas patronais) e às diversas celebrações rituais (batismos, confirmações, casamentos, exéquias). Os cantos também devem se adequar à natureza das diversas partes da missa. Para a entrada, um canto que uma e motive a assembleia; no ofertório, um canto de louvor; na comunhão, um canto eucarístico ou que convide à fraternidade; na saída, um canto de ação de graças ou em honra de Nossa Senhora. Uma regra fundamental é que nunca se deve improvisar a seleção e execução dos cantos litúrgicos; isso precisa ser feito em coordenação com o presidente da assembleia, procedendo sempre e em tudo com profundo espírito de fé e de piedade. Fonte: Aleteia

5 conselhos práticos para uma boa oração com a Bíblia

Em sua coluna semanal, Dom José Gómez, Arcebispo de Los Angeles (Estados Unidos), falou a respeito da importância de poder conversar com Deus através da oração e indicou que um método perfeito é a “Lectio divina”. “A Lectio divina transforma a nossa leitura das Escrituras em uma audiência privada com o Deus vivo que nos busca com amor e nos fala através das páginas dos textos sagrados… Se a oração é conversa, então temos que escutar Deus tanto quanto falamos com ele. ‘Ao ler a Bíblia, Deus fala contigo’, disse Santo Agostinho. ‘Ao rezar você fala com Deus’”, assinalou. Deste modo, o Prelado deu estes cinco conselhos para meditar com uma passagem bíblica, de preferência o Evangelho do dia: 1. Procurar um lugar tranquilo Antes de ler as Sagradas Escrituras, é necessário colocar-se na presença de Deus. Portanto, o Prelado recomenda procurar um lugar tranquilo, onde ninguém interrompa, e apagar todas as suas “telas”, computador, celular, televisão, para poder estar no mínimo 15 minutos “a sós com o Senhor”. Depois, “peçam que o seu Espírito Santo abra os seus corações. Peçam a nossa Mãe Santíssima que os ajude a refletir em seu coração nos mistérios de Cristo, como Ela fez”. 2. Deter-se nos detalhes Depois de terminar a oração, “comecem a ler devagar o texto do Evangelho do dia. Leiam várias vezes. E, conforme leem, fiquem atentos aos detalhes. O que está acontecendo? Quem são os personagens principais? Meditem nas palavras ou frases que chamam a sua atenção. Prestem uma atenção especial no que Jesus está dizendo e fazendo”. Do mesmo modo, Dom Gómez assinalou que é preciso recordar que não se deve ler a Bíblia como se estivesse lendo qualquer outro livro. “Trata-se de um encontro com o Deus vivo. Jesus vive nos textos sagrados. Deus está conversando com vocês, pessoalmente”. 3. Meditar sobre a leitura Depois de identificar a passagem que lhes chamou a atenção, o Prelado indicou que é preciso perguntar a Deus o que ele está tentando dizer através das palavras específicas. “Há uma promessa aqui para vocês? Uma ordem? Uma advertência? Como se aplica este texto à situação que vocês estão vivendo neste momento?”, comentou. “Permitam que a Palavra de Deus se torne um desafio para vocês. Se têm dificuldade para entender o que estão lendo, peçam ao Espírito que os ajude”, especialmente a compreender as cenas e os ensinamentos que “não estão de acordo com a maneira de pensar, as expectativas e os preconceitos de vocês”, destacou. 4. Rezar Depois de compreender o que Deus quer dizer, o Prelado indicou que é necessário responder a Deus. Isso se faz através da oração. “Pode ser uma oração de agradecimento ou de louvor. A oração pode ser através de um pedido, um pedido para que Deus lhes dê a força para seguir adiante ou que lhes conceda alguma graça ou virtude especial”, explicou. Além disso, acrescentou que, “quanto mais rezemos com os Evangelhos, mais podemos pensar conforme ‘a mentalidade de Cristo’ e, assim, nos ‘apropriaremos dos seus pensamentos e sentimentos; mais poderemos ver a realidade com os seus olhos”. Ao rezar mais, experimentaremos com mais intensamente “o chamado de Cristo a mudar o mundo, para assim moldar a sociedade e a história segundo o desígnio amoroso de Deus”. 5. Contemplar A lectio divina termina com a contemplação. Este é o momento de permanecer em silêncio e “contemplar Deus”. “Na contemplação, somos como crianças que querem conhecer a maneira de pensar e a vontade do Pai que nos ama. Com a mente tranquila, descansa na presença do seu olhar. ‘Eu olho para ele e ele olha para mim’”, comentou o Arcebispo de Los Angeles. Nesta fase, “a lectio divina nos leva a fazer resoluções e nos comprometermos para a ação”. ACI Digital

Vivenciando o Advento em Família

Iniciamos o tempo de preparação para o Natal do Senhor. Este tempo chama-se Advento. São quatro semanas de feliz expectativa pela vinda de Jesus, nosso Deus e Salvador. Como fiel católico, você é convidado a celebrar o Advento com a sua família, com os que você ama. Para isto, nossa Paróquia está oferecendo este pequeno roteiro com a explicação da coroa do Advento e as orações para o acendimento de cada vela da coroa e a bênção dos alimentos e da família. Celebremos a alegria de sermos famílias católicas preparando o Natal de Jesus, nossa Luz e Salvação. EXPLICAÇÃO DA COROA DO ADVENTO: Desde a sua origem a Coroa de Advento possui um sentido especificamente religioso e cristão: anunciar a chegada do Natal, sobretudo às crianças, preparar-se para a celebração do Santo Natal, suscitar a oração em comum, mostrar que Jesus Cristo é a verdadeira luz, o Deus da Vida que nasce para a vida do mundo. O lugar mais natural para o seu uso é família. O Círculo A coroa tem a forma de círculo, símbolo da eternidade, da unidade, do tempo que não tem início nem fim, de Cristo, Senhor do tempo e da história. “Porque eterno é seu amor.” (Sl 135) Os ramos verdes Verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida. Bênçãos que nos foram derramadas pelo Senhor Jesus, em sua primeira vinda entre nós, e que agora, com esperança renovada, aguardamos a sua consumação, na sua segunda e definitiva volta. As velas As quatro velas indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas. O ato de acender gradativamente as velas significa a progressiva aproximação do Nascimento de Jesus, a progressiva vitória da luz sobre as trevas. As quatro velas simbolizam as grandes fases da História da Salvação até a chegada de Cristo. Assim: • a primeira (roxo), é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus; • a segunda (verde), é a vela da fé e da esperança dos patriarcas que crêem na promessa da Terra Prometida; • a terceira (rosa), é a vela da alegria de Davi pela sua descendência; • a quarta (branca), é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz. Nesta perspectiva podemos ver nas quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: • o tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;o tempo dos patriarcas; • o tempo dos reis;o tempo dos profetas. ORAÇÕES Celebrando o Advento em Família I DOMINGO 1. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém. 2. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador que Vem; o amor do Pai; e a Comunhão do Espírito Santo, estejam com a nossa família. R. Bendito seja Deus que reuniu nossa família para preparar o Natal do Senhor, com amor e conversão. 3. Bendito sejais, Deus de Misericórdia e Perdão, pela luz de Cristo, sol de nossa vida, a quem esperamos com toda a ternura do coração. R. Vem, Senhor Jesus, iluminar a nossa família com a graça da Misericórdia e do Perdão. *(acender a primeira vela – roxa) 4. Pai Nosso… Ave Maria… 5. Senhor, nosso Deus, abençoai esta nossa refeição e concedei-nos desde agora amar o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam. Ó Pai, nós assumimos o compromisso de viver hoje e todos os dias o perdão em nosso lar. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém. 6. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém. II DOMINGO 1. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém. 2. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador que Vem; o amor do Pai; e a Comunhão do Espírito Santo, estejam com a nossa família. R. Bendito seja Deus que reuniu nossa família para preparar o Natal do Senhor, com amor e esperança. 3. Bendito sejais, Deus da esperança, pela luz de Cristo, sol de nossa vida, a quem esperamos com toda a ternura do coração. R. Vem, Senhor Jesus, iluminar a nossa família com a graça do diálogo e da esperança. *(acender a segunda vela – verde) 4. Pai Nosso… Ave Maria… 5. Senhor, nosso Deus, abençoai esta nossa refeição e ensinai-nos a julgar com sabedoria os valores terrenos, colocando nossas esperanças nos bens eternos. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém. 6. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém. III DOMINGO 1. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém. 2. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador que Vem; o amor do Pai; e a Comunhão do Espírito Santo, estejam com a nossa família. R. Bendito seja Deus que reuniu nossa família para preparar o Natal do Senhor, com amor e alegria. 3. Bendito sejais, Deus da esperança, pela luz de Cristo, sol de nossa vida, a quem esperamos com toda a ternura do coração. R. Vem, Senhor Jesus, iluminar a nossa família com a graça do cuidado mútuo e da alegria. *(acender a terceira vela – vermelha ou rosa) 4. Pai Nosso… Ave Maria… 5. Senhor, nosso Deus, abençoai esta nossa refeição enquanto esperamos fervorosos o Natal do Senhor preparado com intenso júbilo na solene liturgia. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém. 6. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém. IV DOMINGO 1. Em nome do

Reflita sobre o tempo de Deus, tempo da Igreja

A Igreja inicia um novo tempo litúrgico com o Advento Conferimos o calendário, as agendas de todos os tipos e organizamos o uso do tempo. De acordo com as estações do ano, nos hemisférios norte e sul, convivemos com a diversidade de climas e temperaturas, determinamos nossos períodos de trabalho e de descanso, fazemos as nossas escolhas. O ano civil vai de janeiro a dezembro e as normas dos diversos países determinam os prazos para prestações de contas, impostos, vigência das leis, e daí por diante. Com todos os limites existentes, mas o nosso mundo tende a normatizar a convivência, estabelecendo regras e propondo o necessário respeito às pessoas e grupos. Seria muito bom que tudo funcionasse assim, as leis fossem respeitadas, a “máquina” funcionasse bem. Sabemos que nem sempre a letra corresponde à realidade vivida, mas estamos buscando um mundo possível e adequado, para as diversas porções da humanidade. Para fecundar o tempo humano, a experiência da fé tem o seu centro, não na natureza, com seus ritmos, e nem mesmo na capacidade organizativa da sociedade. Para a Igreja, o tempo é marcado por alguém e não por coisas ou normas acordadas na sociedade. O eixo do tempo cristão tem um nome, Jesus Cristo. Também a sociedade, mesmo as pessoas que não têm fé, acabam referindo-se ao seu nascimento no tempo, para datar os acontecimentos. E mesmo antes do ano civil terminar, já é ano novo para a Igreja e para os cristãos, para percorrer, uma vez mais e de forma sempre renovada, os mistérios de Cristo. Eles nos encontrem crescidos e dispostos a testemunhar a fé cristã com maior ardor. Ano litúrgico A organização do chamado Ano Litúrgico, que começa neste domingo, aconteceu paulatinamente, segundo a consciência adquirida do mistério de Cristo e da adesão a Ele. No primeiro período da Igreja, a Páscoa foi o único ponto central da pregação, da celebração e da vida cristã. O culto da igreja nasce da Páscoa e para celebrar a Páscoa. Tudo é visto no centro e a partir do centro, e este centro é o acontecimento do Cristo morto e ressuscitado. No começo, portanto, tudo está centrado neste único mistério, atualizado no presente da celebração. A Igreja primitiva não celebrava “os mistérios” de Cristo, mas “o mistério”, ou seja, a Páscoa, como acontecimento que resume e faz valer para a nossa salvação todo o conjunto da vida e da ação salvífica de Cristo. Nos primeiros três séculos da vida da Igreja prevaleceu o critério místico da “concentração” sobre o critério cronológico da “distribuição”, que entrou nos séculos seguintes. Assim por exemplo, na segunda parte do século II, Melitão de Sardes, repetindo um conceito, já manifestado antes por São Justino, afirma: “Cristo é a Páscoa da nossa salvação”. A celebração do mistério pascal está no centro da “memória” que a Igreja celebra do seu Senhor. Esta celebração se realiza, desde o princípio, toda semana. As assembleias cristãs sempre se reuniram, como fazem até hoje, no primeiro dia da semana para a “Fração do Pão”, que foi o primeiro nome da Celebração Eucarística. Este dia recebeu logo um nome novo “o dia do Senhor”, “Domingo”, que lembra aos cristãos a ressurreição de Cristo, une-os a ele na sua Eucaristia, encaminha-os para a espera da sua vinda, no fim dos tempos. O domingo é a espinha dorsal do ano litúrgico inteiro, do qual é fundamento e núcleo. No domingo existe a festa cristã na sua integralidade, e no decurso do ano litúrgico são explicitados os aspectos da totalidade desta festa primordial. A Páscoa anual até hoje continua celebrada com a “vigília” solene, na passagem de Cristo, da morte para a ressurreição. Ao redor desse núcleo primitivo vai-se constituindo o “tríduo sagrado”, que se inicia na quinta-feira santa, depois celebra a morte de Cristo (sexta-feira santa), a sua sepultura (sábado santo) e a sua ressurreição (domingo com a grande vigília), a Páscoa celebrada em três dias. A solenidade pascal vai-se prolongando numa festa de cinquenta dias, até o “Pentecostes”. Depois se acrescentaram outros elementos que fazem parte da rica experiência do Tempo da Igreja, até que se compôs o que chamamos de Ano Litúrgico, Ano de Deus, Ano da Igreja, Ano dos cristãos. No século IV, para suplantar a festa pagã do “Natalis solis invicti” e para confirmar a fé no mistério da  encarnação, surgiu a celebração do Natal. No início, Natal, no Ocidente, e Epifania, no Oriente constituíram uma celebração que tinha um único e mesmo objeto, a encarnação do Verbo, ainda que com tonalidades diferentes. O “Advento”, como preparação ao Natal, é próprio do Ocidente cristão, e é nele que estamos para adentrar e viver as quatro semanas intensas de oração e crescimento, olhando para a vinda do Senhor no fim dos tempos, sua presença no tempo cotidiano de nossa vida cristã e a memória de seu Natal no tempo, quando o Verbo de Deus se fez Carne. Advento No Advento que se inicia, tem lugar a virtude da esperança, cujo conteúdo não se reduz em aguardar coisas boas para o dia de amanhã, mas a certeza de que nossa vida tem rumo, destino certo, tem sentido. Recordemos que esta, ao lado da fé e da caridade, é uma virtude teologal, presente de Deus concedido no Batismo. Se está dentro de nós por dom de Deus, é hora de atualizá-la, de forma a oferecer à nossa geração esmorecida justamente na esperança, um sentido renovado para os gestos, atitudes e passos a serem dados. A Liturgia da Igreja, em tempo de Advento, oferece-nos ainda elementos preciosos para uma boa revisão de vida, pautada não tanto no espelho, mas à luz de Jesus Cristo e sua Palavra, para que o nosso seja um Tempo de Deus. A partir da virtude da Esperança, podemos acolher o convite a viver “em estado de Advento”, não fechados nos acontecimentos cotidianos, que tantas vezes nos afogam, mas abertos para as promessas de Deus, conscientes de sua presença salvadora, prontos anunciar a alegria aos outros, superando o

O que é o Advento?

A palavra “advento” quer dizer “que está para vir”. O tempo do Advento é para toda a Igreja, a vivência do mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Neste tempo celebramos nas primeiras semanas a espiritualidade de espera da segunda vinda, e nas semanas mais próximas a seu fim a preparação para as solenidades de sua primeira vinda, seu nascimento. É Momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado. O Advento começa às vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro domingos. Esse Tempo possui as duas características já citadas: As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa. Origem Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha tinha caráter ascético com jejum abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos. Só após a reforma litúrgica é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica. Teologia do Advento O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor. Jesus que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15) . O Advento recorda também o Deus da revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação mas cuja consumação se cumprirá no “dia do Senhor”, no final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus. A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referencia e fundamento, dispondo-nos a “perder” a vida em favor do anúncio e instalação do Reino. Espiritualidade do advento A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão. Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só se consumará definitivamente na parusia do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é “Marana tha”! Vem Senhor Jesus! O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc. O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que “preparemos o caminho do Senhor” nas nossas próprias vidas, “lutando até o sangue” contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra. No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus (e não dos bens terrenos), que tem n’Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino. As Figuras do Advento ISAIAS É o profeta que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 – 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim, os exilados. As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os tempos. JOÃO BATISTA É o último dos

O que é o pecado?

Com o relato da desobediência do mandato divino de não comer do fruto da árvore proibida, por instigação da serpente (Gen 3, 1-13), a Sagrada Escritura ensina que os nossos primeiros pais se rebelaram contra Deus, sucumbindo à tentação de querer ser como deuses. O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, ser uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade. Catecismo da Igreja Católica, 397 O que é o pecado? Por que existe o pecado? É uma condenação? Que consequências tem no mundo? Como se apaga o pecado original? Apesar do pecado, Deus continua a amar o homem? Que consequências tem para o ser humano o seu pecado? O homem, com as suas forças apenas, pode sair do pecado? Por que se volta a pecar depois do Batismo? Como evitar o pecado? 1. O que é o pecado original? Quando sucedeu? A Escritura mostra as conseqüências dramáticas desta primeira desobediência. Adão e Eva perdem de imediato a graça da santidade original. Têm medo deste Deus, do qual fizeram uma falsa imagem, a de um Deus enciumado de suas prerrogativas. Catecismo da Igreja Católica, 399 A harmonia na qual estavam, estabelecida graças à justiça original, está destruída; o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é rompido; a união entre o homem e a mulher é submetida a tensões; suas relações serão marcadas pela cupidez e pela dominação (cf. Gn 3, 16). A harmonia com a criação está rompida: a criação visível tornou-se para o homem estranha e hostil. Por causa do homem, a criação está submetida “à servidão da corrupção”. Finalmente, vai realizar-se a conseqüência explicitamente anunciada para o caso de desobediência: o homem “voltará ao pó do qual é formado” A morte entra na história da humanidade. Catecismo da Igreja Católica, 400 Contemplar o mistério E o que é que impede esta humildade, este endeusamento bom? A soberba. Esse é o pecado capital que conduz ao endeusamento mau. A soberba leva-nos a seguir – mesmo nas questões mais triviais – a insinuação apresentada por Satanás aos nossos primeiros pais: Abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal. Lê-se também na Escritura que o princípio da soberba é afastar-se de Deus. Porque este vício, uma vez arraigado, influi em toda a existência do homem, até se converter no que São João chama a superbia vitae, a soberba da vida. Soberba? De quê? A Escritura Santa estigmatiza a soberba com acentos trágicos e cômicos ao mesmo tempo: De que te ensoberbeces, pó e cinza? Já em vida vomitas as entranhas. Uma ligeira doença, e o médico sorri: o homem que hoje é rei amanhã estará morto. Amigos de Deus, 99 Pela senda da humildade vai-se a toda a parte…, fundamentalmente ao Céu. Sulco, 282 2.Por que existe o pecado? A “ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL” EVOCA SIMBOLICAMENTE O LIMITE INTRANSPONÍVEL QUE O HOMEM, COMO CRIATURA, DEVE LIVREMENTE RECONHECER E RESPEITAR COM CONFIANÇA Deus criou o homem à sua imagem e o constituiu em sua amizade. Criatura espiritual, o homem só pode viver esta amizade como livre submissão a Deus. E o que exprime a proibição, feita ao homem, de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, “pois, no dia em que dela comeres, terás de morrer” (Gn 2,17). “A árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2,l7) evoca simbolicamente o limite intransponível que o homem, como criatura, deve livremente reconhecer e respeitar com confiança. O homem depende do Criador, está submetido às leis da criação e às normas morais que regem o uso da liberdade. Catecismo da Igreja Católica, 396 O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, ser uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade. Catecismo da Igreja Católica, 397 Contemplar o mistério Por amor à liberdade, atamo-nos. Unicamente a soberba atribui a esses laços o peso de uma cadeia. A verdadeira humildade, que Aquele que é manso e humilde de coração nos ensina, mostra-nos que o seu jugo é suave e a sua carga ligeira. O jugo é a liberdade, o jugo é o amor, o jugo é a unidade, o jugo é a vida, que Jesus Cristo nos ganhou na Cruz. Amigos de Deus, 31 A nossa Santa Mãe a Igreja pronunciou-se sempre pela liberdade e rejeitou todos os fatalismos, antigos e menos antigos. Esclareceu que cada alma é dona do seu destino, para bem ou para mal: E os que não se afastaram do bem irão para a vida eterna; os que praticaram o mal, para o fogo eterno. Sempre nos impressiona esta terrível capacidade que possuímos tu e eu – que todos possuímos -, e que revela ao mesmo tempo o sinal da nossa nobreza. A tal ponto o pecado é um mal voluntário, que de modo algum seria pecado se não tivesse o seu princípio na vontade. Esta afirmação goza de tal evidência que nela estão de acordo os poucos sábios e os muitos ignorantes que habitam o mundo. Volto a levantar o coração em ação de graças ao meu Deus, ao meu Senhor, porque nada o impedia de nos ter criado impecáveis, com um impulso irresistível para o bem, mas considerou que seriam melhores os seus servidores se livremente o servissem. Amigos de Deus, 33 Deus fez o homem desde o princípio e o deixou nas mãos do seu livre arbítrio (Ecclo XV, 14). Isto não aconteceria se não tivesse o poder de optar livremente. Somos responsáveis perante Deus por todas as ações que praticamos livremente. Não são possíveis aqui os anonimatos; o homem encontra-se diante do seu Senhor, e depende da sua vontade resolver-se a viver como

AO VIVO: Formação para os Missionários do Dízimo da Matriz Sant’Ana com Gilvan Batista

[vc_row][vc_column][vc_column_text] Formação dirigida por Gilvan Batista, Nazarezinho/PB, à partir das 19h00 direto do Centro de Pastoral Pe. José Mangueira Rolim, Matriz Sant’Ana [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_video link=”https://youtu.be/nCZSHuTzohU” css_animation=”fadeIn”][/vc_column][/vc_row]

Ir ao encontro da pessoa de Jesus

Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando! [1] Foi este o convite aflito que os dois discípulos que caminhavam para Emaús na tarde do mesmo dia da ressurreição dirigiram ao Caminhante que se havia unido a eles ao longo do caminho. Repletos de tristes pensamentos, não imaginavam que aquele desconhecido fosse justamente seu Mestre, agora ressurgido. Experimentavam, porém, um íntimo “ardor” (cf. ivi,32), enquanto Ele falava com eles, “explicando” as Escrituras. A luz da Palavra desfazia a dureza de seu coração e “lhes abria os olhos” (cf. ivi, 31). Entre as sombras do dia em declínio e a escuridão que ameaçava o ânimo, aquele Caminhante era um raio de luz que despertava a esperança e abria suas almas ao desejo da luz plena. “Permanece conosco”, suplicaram-lhe. E ele aceitou. Dentro em pouco, o rosto de Jesus desapareceria, mas o Mestre “permaneceria” sob os véus do “pão partido”, diante do qual seus olhos se haviam aberto.[2] Assim começa a carta escrita por São João Paulo II por ocasião do Ano da Eucaristia. A cena dos discípulos de Emaús é de grande atualidade. Deus faz-se encontradiço para acompanhar o homem no caminho da vida. Vem sempre confortá-lo e nos momentos maus devolve ao seu coração a alegria e a esperança perdidas. Logo que atingiu o seu objetivo, o Senhor desaparece da vista dos discípulos de Emaús, mas é apenas uma solidão aparente, para quem só vê com os olhos da carne. Na realidade ficou para todos e para sempre na Eucaristia, de tal modo que a cena de Emaús se repete uma e outra vez nas nossas vidas, sempre que necessitamos. Jesus permaneceu na Eucaristia para dar remédio à nossa fraqueza, às nossas dúvidas, aos nossos medos, às nossas angústias. Ficou para curar a nossa solidão, as perplexidades, os nossos desânimos, para acompanhar- nos no caminho, para sustentar-nos na luta. Acima de tudo, para ensinar-nos a amar, para atrair-nos ao seu Amor[3]. É tão fácil aproximar-se do Sacrário quando contemplamos a maravilha de um Deus que Se fez homem, que ficou conosco! Vamos ao Seu encontro para abrir o coração e para sermos confortados como os discípulos de Emaús. Então quando recorremos ao Senhor com esta confiança, a Eucaristia começa a ser uma necessidade. Torna-se o centro e a raiz da nossa vida interior e, como consequência inseparável, a alma do nosso apostolado. PORVENTURA NÃO ARDIA O NOSSO CORAÇÃO? A fecundidade do apostolado depende da nossa união com Cristo. Sozinhos, não podemos nada: sine me nihil potestis fácere[4]. Cada um conhece a sua pequenez e experimenta frequentemente as próprias misérias. Além disso, algumas vezes podem surgir situações concretas em que, devido ao cansaço de um dia de trabalho intenso ou a dificuldades encontradas no labor apostólico, percamos de vista a grandeza da nossa vocação cristã e se apague em nós a chama que nos incendeia para o apostolado. Na Eucaristia encontramos a força que nos sustenta porque o encontramos a Ele. É um encontro pessoal no qual Jesus Se dá e nos concede a sua eficácia. Sempre que recorremos – necessitados – a rezar diante do Sacrário, Cristo, tal como fez com os discípulos de Emaús, dá sentido à nossa vida, devolve-nos a visão sobrenatural, conforta-nos nas dificuldades e enche-nos de ânsias apostólicas. Omnia possum in eo qui me confortat[5]. Com o Senhor podemos tudo quia tu es Deus fortitudo mea[6]. Neste Sacramento, fica patente que o sangue de Cristo redime e, ao mesmo tempo alimenta e deleita. É o sangue que lava todos os pecados (cf. Mt 26, 28) e purifica a alma (cf. Ap 7, 14), sangue que embriaga e inebria com o Espírito Santo, e que desamarra as línguas para cantar e narrar as “magnalia Dei” (Act. 2, 11), as maravilhas de Deus[7]. A união com Cristo embriaga-nos com o Espírito Santo, enche-nos o coração – “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”[8]– e nos impele a proclamar as grandezas do Senhor, a comunicar aos outros a nossa alegria, com o zelo do próprio Cristo. “Nonne cor nostrum ardens erat in nobis, dum loqueretur in via?” — Não ardia o nosso coração dentro de nós, enquanto nos falava pelo caminho? Se és apóstolo, estas palavras dos discípulos de Emaús deviam sair espontaneamente dos lábios dos teus companheiros de profissão, depois de te encontrarem no caminho da sua vida[9]. O cristão pode receber a boa semente vivendo os numerosos atos de piedade que fazem parte da tradição da Igreja: a Santa Missa, a oração diante do Sacrário, sempre que for possível, a visita ao Santíssimo, a meditação frequente do hino Adoro te devote, as comunhões espirituais, a alegria de descobrir Sacrários quando andamos pelas ruas… Tudo isso é um verdadeiro encontro com Cristo, do qual saímos renovados para a luta interior e para o apostolado. A união com Cristo alcança o seu vértice quando O recebemos na Sagrada Comunhão. Nesse momento encontramo-nos com Ele da maneira mais plena, mais íntima, que nos vai fazendo cada vez mais ipse Christus. Aproveitemos para falar com Ele dos nossos amigos, e pedir-Lhe que os converta. São Josemaria deixou-nos gravado: Jesus ficou na Hóstia Santa por nós!: para permanecer ao nosso lado, para amparar-nos, para guiar-nos. – E amor somente com amor se paga. – Como não havemos de ir ao Sacrário, todos os dias, nem que seja apenas por uns minutos, para levar-Lhe a nossa saudação e o nosso amor de filhos e de irmãos?[10] Esta realidade é compatível com situações em que não recebemos consolo sensível na intimidade com Deus, ou quando passamos por um período de maior secura na vida interior. É então o momento de nos encontrarmos com o Senhor na Cruz, elemento imprescindível do apostolado. Para nos convertermos realmente em almas de Eucaristia e em almas de oração, não podemos prescindir da união habitual com a Cruz, também através da mortificação procurada ou aceitada[11]. LEVAR OS OUTROS AO ENCONTRO DA EUCARISTIA Os dois discípulos de Emaús, depois de terem reconhecido o Senhor, partiram sem demora (Lc 24,33)

Finados, a celebração da esperança cristã

A celebração do dia de Finados é uma oportunidade para fazermos uma reflexão sobre a vida A nova vida, recebida no Batismo, não está sujeita à corrupção nem ao poder da morte. Para quem vive em Cristo, a morte é a passagem da peregrinação terrena à pátria do Céu, onde o Pai acolhe a todos os filhos, “de toda nação, raça, povo e língua” (Apocalipse 7,9). É muito significativo e apropriado que, depois da festa de Todos os Santos, a Igreja nos faça celebrar a comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. Segundo a liturgia da Igreja, para os que crêem a vida não é tirada, mas transformada. No Corpo místico de Cristo, as almas dos fiéis se encontram e superam a barreira da morte, rezando umas pelas outras, realizando na caridade um íntimo intercâmbio de dons. Nessa dimensão de fé, compreendemos a prática de oferecer pelos falecidos orações de sufrágio, de maneira especial a Santa Missa – memorial da Páscoa de Cristo que abriu aos que têm fé em Cristo a vida eterna. Os primeiros vestígios de uma comemoração coletiva de todos os fiéis defuntos são encontrados em Sevilha (Espanha), no séc. VII, e em Fulda (Alemanha), no séc. IX. O verdadeiro fundador da festa, porém, é Santo Odilon, abade de Cluny (França). A festa propagou-se rapidamente por todo estado francês e pelos países nórdicos. Foi escolhido o dia 2 de novembro para ficar perto da comemoração de todos os santos. Muitos documentos dos primeiros séculos da Igreja nos garantem esta prática. Por exemplo, a Didaqué (ou Doutrina dos 12 Apóstolos), do ano 100, já mandava oferecer orações pelos mortos. Nas Catacumbas de Roma os cristãos rezavam sobre o túmulo dos mártires suplicando a sua intercessão diante de Deus. Tertuliano (†220), Bispo de Cartago, afirmava que a esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os dias aniversários de sua morte (De monogamia, 10). Nos seus ensinamentos, o Papa João Paulo II ensinou-nos que “a Igreja do Céu, a Igreja da Terra e a Igreja do Purgatório estão misteriosamente unidas nessa cooperação com Cristo para reconciliar o mundo com Deus.” (Reconciliatio et poenitentia, 12) João Paulo ainda nos ensinou que “… os vínculos de amor que unem pais e filhos, esposas e esposos, irmãos e irmãs, assim como os ligames de verdadeira amizade entre as pessoas, não se perdem nem terminam com o indiscutível evento da morte. Os nossos defuntos continuam a viver entre nós, não só porque os seus restos mortais repousam no cemitério e a sua recordação faz parte da nossa existência, mas sobretudo porque as suas almas intercedem por nós junto de Deus” (02/11/94). A celebração do dia de Finados é uma oportunidade para fazermos uma reflexão sobre a vida. Ela terminará para todos nós aqui neste mundo, é apenas uma questão de tempo. Além disso, para a eternidade não poderemos levar nada de material. Levaremos apenas o bem que tivermos feito para nós e para os outros. Logo, deve ser uma tomada de consciência de que ser feliz e viver bem não quer dizer acumular tesouros, prazeres ou glórias, mas fazer o bem e preparar uma vida eterna com Deus. Canção Nova – Prof. Felipe Aquino

As bodas de Caná e a Santíssima Virgem Maria

Depois de terminado o longo período que viveu em Nazaré, o Senhor começou a pregar a chegada do reino de Deus. Todos os evangelistas recolhem o primeiro ato desta nova etapa: a recepção do batismo que o Precursor administrava às margens do Jordão. No entanto, só São João destaca a presença da Virgem Maria nos começos da vida pública de Jesus: No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento (Jo 2, 1-2). Uma leitura rápida do texto leva a constatar, simplesmente, que Jesus realiza um milagre a pedido de sua Mãe. A celebração das bodas durava uma semana e, em uma pequena aldeia, como Caná, é provável que todos os habitantes participassem de um modo ou de outro nos festejos. Jesus se apresentou em companhia dos primeiros discípulos. Não é estranho que, com tantos assistentes, chegasse a faltar o vinho. Maria, sempre atenta às necessidades das pessoas, foi a primeira a perceber e comunicou a seu filho: Eles não têm vinho (Jo 2, 3). Depois de uma resposta, difícil de interpretar, Jesus atendeu ao pedido de sua Mãe e realizou o grande milagre da conversão da água em vinho. No entanto, o que João deseja nos relatar não acaba aí. Ao escrever o seu Evangelho, no final de sua vida, iluminado pelo Espírito Santo, ele ponderou longamente sobre os milagres e ensinamentos de Jesus. Aprofundou no significado deste primeiro sinal e destaca o seu sentido mais profundo. Assim diz o recente Magistério pontifício, recolhendo as conclusões alcançadas pelos estudiosos da Sagrada Escritura nas últimas décadas. A precisão cronológica com que o evangelista situa o acontecimento tem um profundo significado. Segundo o livro do Êxodo, a manifestação de Deus a Israel para fazer a aliança teve lugar três dias depois de ter chegado ao monte Sinai. Agora, ao terceiro dia desde o regresso à Galileia em companhia dos primeiros discípulos, Jesus vai manifestar sua glória pela primeira vez. Além disso, a glorificação plena de sua Santa Humanidade teve lugar ao terceiro dia depois da sua morte através da ressurreição. Além do fato histórico das bodas, João enfatiza que a presença de Maria no princípio e no fim da vida pública de Jesus corresponde a um desígnio divino. O apelativo com que o Senhor se dirige a Ela em Caná – chamando-a de mulher em vez de mãe – parece indicar a sua intenção de formar uma família baseada não nos laços de sangue, mas sobre a fé. Espontaneamente, recordamos que Deus se dirigiu a Eva no Paraíso do mesmo modo quando prometeu que o Redentor sairia de sua descendência (cfr. Gn 3, 15). Em Caná, pois, Maria descobre que a sua missão materna não se limita ao plano natural: Deus conta com Ela para ser Mãe espiritual dos discípulos do seu Filho, nos quais, desde esse momento, graças à sua intervenção junto a Jesus, começa a nascer a fé no Messias prometido. O próprio São João afirma esse significado ao final da narração: Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia. Manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele (Jo 2, 11). ALÉM DO FATO HISTÓRICO DAS BODAS, JOÃO ENFATIZA QUE A PRESENÇA DE MARIA NO PRINCÍPIO E NO FIM DA VIDA PÚBLICA DE JESUS CORRESPONDE A UM DESÍGNIO DIVINO. A maioria dos estudiosos afirma que essas bodas são um símbolo da união do Verbo com a humanidade. Os profetas o anunciaram: quero concluir convosco uma eterna aliança (…). Nações que te ignoravam acorrerão a ti, (Is 55, 3.5). E os Padres da Igreja tinham explicado que a água das talhas de pedra, preparadas para as purificações dos judeus (Jo 2, 6), representavam a antiga Lei, que Jesus ia levar à perfeição mediante a nova Lei do Espírito impressa nos corações. A nova aliança, prometida no Antigo Testamento para os tempos messiânicos, anunciava-se com a imagem de um banquete de bodas com abundância de todo tipo de bens, especialmente o vinho. É significativo que, no relato de São João, precisamente o vinho alcance grande protagonismo: é mencionado cinco vezes, e se afirma que o que Jesus fez surgir com seu poder era melhor que o que começou a faltar (cfr. Jo 2,10). Também é notável o volume da água convertida em vinho: mais de 500 litros. Essa superabundância é típica dos tempos messiânicos. “Mulher, para que me dizes isso? A minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4). Qualquer que seja o significado exato destas palavras (que, além disso, estariam marcadas pelo tom de voz, a expressão facial, etc.), fica claro que Nossa Senhora não perde a confiança no seu Filho: deixou a questão em suas mãos e dirige aos servos uma exortação – fazei tudo o que ele vos disser (Jo 2, 5) – que são as últimas palavras dela recolhidas no evangelho. Nesta frase breve ressoa o eco do que o povo de Israel respondeu a Moisés quando, em nome de Deus, pedia o seu assentimento à aliança do Sinai: faremos tudo o que o Senhor disse (Ex. 19, 8). Aqueles homens e mulheres foram muitas vezes infiéis ao pacto com o Senhor; os servos de Caná, ao contrário, obedeceram com prontidão e plenamente. Jesus lhes disse: “Enchei as talhas de água”! E eles as encheram até à borda. Então disse: “Agora, tirai e levai ao encarregado da festa”. E eles levaram. (Jo 2, 7-8). Maria depositou a sua confiança no Senhor e adianta o momento de sua manifestação messiânica. Precede na fé aos discípulos, que creram em Jesus depois de realizado o prodígio. Deste modo, a Virgem Maria colabora com o seu Filho nos primeiros momentos da formação da nova família de Jesus. Assim parece sugerir o evangelista, que conclui sua narração com as seguintes palavras: depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. Lá, permaneceram apenas alguns dias. (Jo 2, 12). Já está tudo preparado para que o Senhor, com o anúncio da Boa Nova, com as suas palavras e as suas obras, dê começo ao novo Povo de Deus, que é a Igreja. J.A. Loarte